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Referência Bibliográfica


CRUZ, J.V. (1997) - Estudo hidrogeológico da Ilha do Pico (Açores - Portugal). Tese para a obtenção do grau de Doutor em Geologia, Univiversidade dos Açores, 2 vol., Ponta Delgada, 433p.​

Resumo


Realizou-se um estudo hidrogeológico na ilha do Pico, a mais recente do arquipélago dos Açores, onde se individualizam quatro unidades vulcanoestratigráficas. A actividade vulcânica histórica traduz-se pela ocorrência de quatro erupções subaéreas, reportadas desde o povoamento do Pico.

 

A região ocidental da ilha é dominada pelo estratovulcão da Montanha do Pico, que corresponde ao vulcão activo de maior altitude dos Açores, com 2351 metros. A edificação do imponente cone foi resultado de sucessivas erupções basálticas na cratera principal e em cones vulcânicos secundários, e um dos traços característicos da paisagem são os extensos campos de escoadas lávicas pahoehoe relacionadas com as erupções vulcânicas mais recentes. A idade estimada para esta estrutura é de 75 000 anos.

 

A metade oriental da ilha é dominada por um sistema vulcânico fissural, que se desenvolve ao longo de cerca de 27 km, e é controlado por fracturas de orientação geral WNW-ESSE e W-E. Nesta zona, na região das Lajes e do Topo, localiza-se o vulcão do Topo, que corresponde à estrutura vulcânica mais antiga da ilha, actualmente colapsada no sector E e cujos materiais emitidos constituem uma sequência subaérea com cerca de 600 m de espessura.

 

Do ponto de vista geomorfológico ocorrem duas regiões distintas, relacionadas directamente com os aspectos vulcanológicos referidos, nomeadamente a Montanha do Pico, a W, e uma aplanação à cota aproximada de 800 m, descendo em degraus para E. O estudo quantitativo da rede de drenagem, mediante a elaboração de mapas de densidade de drenagem e da caracterização morfométrica dos segmentos das linhas de água e das bacias hidrográficas, possibilitou a aferição qualitativa da permeabilidade superficial das unidades aflorantes.

 

A caracterização climatológica fundamentou-se na determinação da precipitação e temperaturas médias, bem como da evapotranspiração potencial e real. Apesar das dificuldades inerentes à escassez de dados realizaram-se ainda balanços hídricos visando estimar a escorrência. Na região E da ilha estimou-se a recarga aquífera pelo balanço de cloretos e, indirectamente, atribuindo às litologias dominantes uma taxa de infiltração, o que permitiu calcular valores semelhantes pelas duas aproximações.

 

A caracterização hidrodinâmica efectuada incidiu essencialmente no sistema aquífero de base. As transmissividades estimadas são, no geral, elevadas, com um valor médio igual a 10059 m2/d, embora denotem uma grande variação. Comparativamente com outras ilhas dos Açores constata-se que os valores das ilhas Graciosa e Pico são os mais elevados, reflectindo a importância dos aquíferos basálticos fissurados.

 

Estudou-se igualmente o efeito de maré nos aquíferos litorais, tendo-se calculado uma difusividade hidráulica média de 6875 m2/min. A elevada variabilidade observada nos valores estimados realça a heterogeneidade do meio aquífero vulcânico.

 

A fácies predominante das águas analisadas é cloretada sódica, o que reflecte a influência dos sais de origem marinha sobre a mineralização das águas subterrâneas, devido quer ao fenómeno de intrusão marinha, quer ao acarreio de sais na precipitação. Nas regiões de altitude o processo de mineralização principal é a hidrólise de minerais silicatados, mas nas zonas litorais os seus efeitos são mascarados pela maior salinização das águas. Algumas análises isotópicas efectuadas permitem confirmar o exposto e apoiar o modelo hidrogeológico conceptual proposto.

 

Identificou-se um processo de contaminação de águas subterrâneas, resultante da salinização dos aquíferos, o qual, nomeadamente pelos efeitos sobre a qualidade da água, tem implicações sobre a exploração dos recursos hídricos subterrâneos da ilha.

Observações


Anexos