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em Vulcanologia e Avaliação de Riscos
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Teses ► Mestrado

 

Referência Bibliográfica


AMARAL, P. (2005) - Monitorização de vertentes instáveis no concelho da Povoação, ilha de S. Miguel (Açores): Ensaios com base na utilização de uma estação total. Dissertação​ de Mestrado em Vulcanologia e Riscos Geológicos, Universidade dos Açores, 151p.

Resumo


As catástrofes naturais, em especial os movimentos de vertente, têm provocado ao longo dos anos milhares de vítimas e elevados prejuízos materiais em todo o Globo. O arquipélago dos Açores, devido ao seu peculiar enquadramento geodinâmico e geográfico, é um excelente laboratório natural para o desenvolvimento de estudos relacionados com os processos de instabilidade geomorfológica. Prova de tal facto são os inúmeros movimentos de vertente que têm ocorrido na região desde o seu povoamento até aos dias de hoje, na sequência dos quais se registaram vítimas mortais e elevados prejuízos económicos, sociais e culturais.

 

O presente trabalho centra-se, fundamentalmente, na detecção e na compreensão de pequenas movimentações do solo que indiciem instabilidade em áreas propícias para a ocorrência de movimentos de vertente. Neste sentido, foi estabelecido um programa de monitorização geodésica, com o recurso a uma Estação Total automática em duas zonas diferenciadas no concelho da Povoação. Para a realização deste programa, foram implementadas duas redes geodésicas em dois locais com mecanismos de rupturas distintos. Uma das áreas é composta por ignimbrito soldado (Talude do Jardim Municipal) e caracteriza-se por apresentar um elevado potencial para a queda de blocos. Nela foram instaladas 12 referências geodésicas para observação. A outra área (Talude da Estrada Regional) evidencia perigo de deslizamentos rotacionais/translacionais face à instabilidade associada à presença de depósitos piroclásticos não soldados ou consolidados. A rede instalada é constituída por 18 marcas para a medição com o recurso a uma Estação Total e/ou GPS. A implementação das duas redes foi levada a cabo entre os meses de Janeiro e Fevereiro de 2004. Para a sua concepção, e tendo a necessidade de se alocarem novas referências geodésicas adaptadas a diferentes litologias e a diferentes substratos (e.g. rocha, solo e betão), foram desenhadas e fabricadas novas marcas e bastões de acoplamento, bem como estruturas para suporte do equipamento.

 

Ao longo de oito meses realizaram-se três campanhas de aquisição de dados (EP 0, EP 1 e EP 2) com o recurso à Estação Total, quer no Talude da Estrada Regional, quer no Talude do Jardim Municipal. A EP 0 decorreu nos meses de Abril/Maio de 2004 e serviu, essencialmente, para se estabelecer uma linha de base em coordenadas, distâncias e ângulos (horizontais e verticais), para servir de comparação às campanhas subsequentes realizadas nos meses de Junho (EP 1) e de Dezembro (EP 2) de 2004. No que diz respeito ao processamento dos dados obtidos nas observações, recorreu-se ao método dos mínimos quadrados para obter os erros prováveis, considerando um intervalo de confiança de 95%. As precisões resultantes, no global das épocas de observação, foram da ordem de grandeza de ±1mm.

 

A maioria das marcas geodésicas observadas não apresentou variações em 3D (planimetria e altimetria) no período total de amostragem. Tal facto permitiu verificar que a metodologia de tratamento de dados resultou e que as pequenas variações existentes se enquadravam no próprio erro instrumental do equipamento utilizado ±(2mm+2ppm). Não obstante, e em particular no Talude da Estrada Regional, observou-se que uma marca (TERC) revelou deslocamentos no sentido descendente da ordem de grandeza dos 9 mm, para a coordenada P, e 3 mm para a coordenada M. No que respeita à altimetria, a respectiva marca evidenciou um aparente sentido negativo de 3 mm. Por outro lado, a marca TERG sugere um pequeno deslocamento de 3 mm da coordenada P, enquanto que para a coordenada M e para a cota esta se manteve constante.

 

Partindo do pressuposto que realmente ocorreu movimento, calcularam-se as velocidades para a marca TERC, sendo que para os 8 meses de observação o ponto se deslocou a uma velocidade de 0,009m/8meses. Paralelamente, estimou-se a velocidade para um ano, sendo esta de 0,014 m/ano, o que, segundo Cruden e Varnes (1996), representa um movimento muito lento. Para esta classe de velocidades, os estragos provocados pelos movimentos em habitações são poucos e podem ser facilmente reparados. Todavia, não é esse o cenário mais provável de ocorrer, mas sim o da evolução para uma ruptura rápida do terreno onde se insere a marca geodésica aquando de uma solicitação externa (e.g. precipitação forte). Face a este cenário, a massa deslocada poderá provocar efeitos sobre as moradias, pessoas e bens localizados no sopé do talude.

Observações


Anexos