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Formação Kibish no sul da Etiópia (Foto in Smithsonian Magazine)
13-01-2022 13:00
Etiópia
Análise de cinzas de erupção vulcânica na Etiópia coloca um dos mais antigos exemplos de Homo Sapiens cerca de 36 mil anos atrás

Numa região remota no sudoeste da Etiópia, o rio Omo e os seus afluentes, há muito desaparecidos, expuseram penhascos e encostas escarpadas, exibindo uma camada de sedimentos antigos e os restos presos de humanos primitivos. Antes da pandemia COVID-19, Céline Vidal, vulcanóloga da Universidade de Cambridge, e os seus colegas deslocaram-se ao local conhecido como formação Kibish para recolher cinzas de erupções vulcânicas passadas, de forma a estudar alguns dos membros mais antigos da nossa espécie e o impacto de erupções antigas no clima e nas civilizações.

Uma das principais razões que levaram estes investigadores ao local foi para estudar o Omo I, um dos mais antigos exemplos conhecidos de Homo Sapiens. Utilizando pistas geoquímicas para combinar com a camada de cinza vulcânica que cobre o fóssil com uma erupção vulcânica específica, descobriram que o Omo I é 36 mil anos mais velho do que se acreditava ser anteriormente. As cinzas de uma enorme erupção do vulcão Shala depositaram-se sobre a camada de sedimentos que contém o fóssil Omo I há aproximadamente 233 mil anos, o que significa que o Omo I e a sua espécie viveram ali há pelo menos este tempo. Como cada erupção vulcânica tem uma composição química única, consegue-se descobrir exatamente qual a erupção no Rift Etíope que teria criado aquela camada de cinzas vulcânicas que cobre os fósseis, procedendo depois à sua datação, explica a vulcanóloga.

Os resultados publicados na revista Nature, mostram que Omo I tinha de ser mais velho do que a camada de cinzas que mais tarde o cobriu, no entanto não revelam a sua idade máxima. Mais tarde, é possível determinar a data mais antiga possível para Omo I, se for possível identificar e datar a outra camada de material vulcânico que se encontra sob o fóssil.

Os investigadores conseguiram identificar na formação Kibish, uma camada de cinzas com mais de 1,80 metros de espessura, imediatamente acima dos sedimentos onde Omo I e outros fósseis foram encontrados. A uma distância de quase 322 km do vulcão antigo mais próximo, as cinzas eram tão finas, semelhantes a farinha, que faltavam cristais grandes o suficiente para serem usados para datação radiométrica, que fornece uma idade medindo quanto do potássio radioativo do mineral decaiu em argónio radioativo. No entanto, foi possível determinar a idade da erupção que depositou as cinzas, por amostragem de rochas mais próximas de suas fontes vulcânicas, em lugares onde detritos de cinzas continham muitos cristais maiores e adequados para datação radiométrica.

O fóssil Omo I, havia sido encontrado perto da cidade de Kibish, no sul da Etiópia, em 1967, pelo paleoantropólogo Richard Leakey e colegas. Originalmente, foram datadas conchas de moluscos de água doce encontradas com o crânio para concluir que os restos tinham cerca de 130 mil anos.

Por mais de meio século, o fóssil foi conhecido como um dos mais antigos crânios de Homo Sapiens existentes em qualquer lugar do mundo, até à descoberta, em 2017, de fragmentos de crânio, mandíbula e dentes de Jebel Irhoud com 300 mil anos em Marrocos. Em 2005, o estudo de datação radioativa retrocedeu significativamente a idade do crânio fóssil para 195 mil anos atrás.

A era em que o Homo Sapiens apareceu, provavelmente, pela primeira vez e evoluiu gradualmente em África, entre cerca de 360 mil anos atrás e 100 mil anos atrás, foi uma era de atividade vulcânica cataclísmica, onde enormes erupções tornaram algumas localidades inabitáveis. Como os ambientes em mudança às vezes levaram os primeiros humanos a adotar novos comportamentos e ferramentas, essas erupções podem ter realmente desempenhado um papel na formação da evolução aqui.
 


Fontes


Smithsonian Magazine

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