No âmbito do projeto VOLRISKMACII, financiado pelo Programa de Cooperação INTERREG V-A Espanha-Portugal MAC (Madeira-Açores-Canárias) 2014-2020, o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), em colaboração com o Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR) da Universidade dos Açores, publicou hoje, no seu site, a Carta de Sismicidade dos Açores de 2022. Esta publicação surge na sequência do compromisso assumido em 2018 de disponibilizar, anualmente, a Carta de Sismicidade dos Açores numa plataforma acessível e de forma gratuita.
Para além do mapa de sismicidade anual do arquipélago, esta publicação apresenta os mapas de sismicidade mensal, o mapa com a configuração da Rede de Monitorização Sísmica Permanente do CIVISA, bem como o mapa com as áreas sismogénicas definidas para o arquipélago e as quais são alvo de monitorização. Para além destes elementos, apresenta igualmente as distribuições diária e mensal do número de eventos registados e sentidos e da energia sísmica libertada.
Para este período, o CIVISA registou 52.985 sismos, dos quais 25.532 obtiveram localização hipocentral e encontram-se projetados na Carta de Sismicidade dos Açores 2022. Para os restantes eventos sísmicos, devido ao facto de serem muito pouco energéticos e não terem sido detetados por um número suficiente de estações, não foi possível obter localização.
Em termos de distribuição geográfica, a maioria da sismicidade ocorreu na ilha de São Jorge e região submarina envolvente (zona sismogénica SZ36), relacionada com a crise sismovulcânica em curso na referida ilha, onde se registaram 42.543 sismos, 22.763 dos quais com localização. A zona sismogénica associada ao Vulcão de Santa Bárbara (zona sismogénica SZ24), na ilha Terceira, esteve igualmente bastante ativa durante 2022, sendo responsável pela crise sísmica que ainda decorre à atual data, com 1100 sismos localizados durante 2022. Na zona sismogénica a W do Faial (zona sismogénica SZ43), localizaram-se 344 sismos, sendo a 3ª zona sismogénica mais ativa em 2022. O maior número de sismos foi registado no mês de março (16.563 sismos), tendo contribuído em grande parte para este número, a crise sismovulcânica que ocorre na ilha de São Jorge.
Relativamente à sismicidade sentida, esta ocorreu, predominantemente, no mês de março, com 220 eventos, totalizando 369 sismos sentidos durante o ano de 2022. O elevado número de sismos sentidos é justificado pela atividade sísmica registada em São Jorge (SZ36). O sismo mais energético (sentido) ocorreu no dia 25 de fevereiro com ML=4,4 (Richter) e localizou-se na zona sismogénica da Fossa da Povoação (SZ03). Este sismo foi sentido com intensidade máxima IV na freguesia da Povoação (ilha de São Miguel).
A zona sismogénica onde ocorreu maior libertação de energia corresponde à Crista Média Atlântica (SZ45), responsável por eventos de magnitude moderada, totalizando um valor energético de 2,67E17 ergs. De salientar que as zonas sismogénicas com maior número de sismos, como é o caso da ilha de São Jorge (SZ36), não são necessariamente aquelas que apresentam maior valor de energia libertada, pois depende da magnitude de cada evento sísmico. Não obstante, a zona sismogénica SZ36 totalizou 2,15E17 ergs, devido aos milhares de sismos de baixa magnitude que aí ocorreram.
A maior libertação de energia registou-se no mês de fevereiro, com 6,98E17 ergs, correspondendo à atividade sísmica registada na Fossa da Povoação (SZ03).
Para o Presidente da Direção do CIVISA, Rui Marques, com esta ação pretende-se promover uma maior consciencialização em relação aos perigos naturais, diminuindo o desfasamento existente entre o conhecimento científico e a população, fomentando uma sociedade mais sustentável e cidadãos cientificamente mais cultos.