O arquipélago dos Açores é frequentemente afectado por sismos, movimentos de vertente e erupções, tornando-se um local privilegiado para o desenvolvimento de um estudo dos riscos geológicos e nomeadamente do que serve de base à presente dissertação: o impacte do terramoto de 9 de Julho de 1998 na ilha do Faial.
No dia 9 de Julho de 1998 às 5:19 (TUC) ocorreu um sismo destruidor com epicentro no mar a cerca de uma dezena de quilómetros a nordeste da cidade da Horta (Faial, Açores), com magnitude 5.9. Este evento foi seguido por inúmeras réplicas, muitas delas sentidas e localizadas na zona do sismo principal ou na sua proximidade.
Os estragos nos edifícios da ilha do Faial foram significativos, morreram 9 pessoas e houve centenas de feridos. Registaram-se também avultados danos materiais, quer em infra-estruturas quer em património religioso.
A Ribeirinha localiza-se na parte NE da ilha do Faial sendo a freguesia que se localiza mais próximo da zona epicentral, tendo sido escolhida para este estudo pelo facto de ter sido a mais atingida pelo sismo de 9 de Julho de 1998 e aí poder desenvolver-se uma metodologia aplicável à restante ilha no que diz respeito à avaliação (1) do impacte do evento em termos de danos e (2) das estratégias de mitigação dos riscos que foram adoptadas. O elevado grau de destruição observado na freguesia, onde a maioria dos edifícios ficaram severamente danificados, resultou essencialmente da elevada vulnerabilidade dos mesmos, de construção tradicional de pedra solta, existentes na altura na ilha do Faial. Além disso, a localização da freguesia da Ribeirinha, no Graben de Pedro Miguel, uma importante estrutura tectónica no que diz respeito ao risco sísmico, também contribuiu para o elevado grau de destruição.
Com o objectivo de analisar e avaliar o plano de reconstrução para a ilha do Faial, este estudo focou-se na distribuição espacial no que diz respeito ao risco sísmico, antes do sismo e depois do plano de reconstrução ser implementado. Para concretizar estes objectivos todos os edifícios foram cartografados através de observações de campo e interpretação de fotografia aérea. Todos os dados foram integrados numa base de dados SIG.
O processo de reconstrução foi analisado considerando a exposição da nova freguesia da Ribeirinha aos riscos geológicos, assumindo a possibilidade de ocorrer um evento semelhante ao de Julho de 1998.
O edificado é um dos elementos mais vulneráveis no que diz respeito à actividade sísmica, tendo em conta que a maioria das mortes registadas em eventos deste tipo deve-se ao colapso de edifícios. Este caso de estudo representa um bom exemplo no que diz respeito à integração de avaliação do risco para propostas de ordenamento do território e mitigação de risco.