​Os terramotos são o tipo de desastres naturais de que resulta um maior número de vítimas a nível mundial. Na impossibilidade da sua previsão, a alternativa passa pela mitigação do seu risco. É uma obrigação de cada país, região ou comunidade localizados numa região sismicamente activa, promover todos os esforços para reduzir os riscos associados à actividade sísmica.

Paralelamente aos continuados esforços e avanços da comunidade científica, um dos principais factores mitigadores do risco sísmico é o da criação e promoção de uma consciência colectiva, o qual tem sido conseguido pela educação das populações. É inegável a responsabilidade da comunidade educativa na formação colectiva, através da elaboração de programas de intervenção na prática educativa, devidamente suportados pela comunidades científica.

Foi neste contexto, e atendendo ao caso particular do arquipélago dos Açores, com um enquadramento geodinâmico complexo e palco de intensa actividade sísmica, que se apresenta uma proposta de intervenção curricular ao nível dos programas de Ciências Físicas e Naturais (7º ano) e Biologia e Geologia (10º ano) na área de sismologia, a ser aplicado na Região Autónoma dos Açores e suportado pela Universidade dos Açores.

Para a sua elaboração, definiu-se um plano estratégico que teve como base a preparação e a divulgação de um questionário junto dos docentes dos ensinos básico e secundário das escolas dos Açores, por forma a poder efectuar-se um levantamento de como o ensino da sismologia poderia ser melhorado, relativamente aos temas, materiais didácticos e estratégias pedagógicas.

A intervenção proposta envolve os temas da sismicidade no arquipélago dos Açores, da mitigação do risco sísmico e dos tsunamis. Estes temas foram divididos por diversos módulos didácticos, com planos de intervenção pedagógica distintos para os dois níveis de escolaridade. Atendendo a que a componente prática deverá ser parte integrante e fundamental dos processos de ensino e aprendizagem dos conteúdos, foram incluídas diversas propostas de actividades práticas na sala de aula nomeadamente, o traçado de cartas de isossistas, a elaboração de panfletos de divulgação e, no laboratório, a execução de exercícios com maquetas de modelos de falhas, mesa simuladora de sismos e um sismómetro didáctico.

Este projecto integrou, ainda, a selecção, preparação e construção dos materiais didácticos necessários à sua concretização. Assim, foram elaborados materiais de suporte audiovisual e de maquetas didácticas. Relativamente aos primeiros, prepararam-se diaporamas (com suporte da aplicação Microsoft PowerPoint®) organizados em módulos, cada um acompanhado de um guia de exploração do professor, onde se aprofundaram as temáticas desenvolvidas e se sugerem algumas indicações metodológicas a aplicar na sala de aula. No que concerne a maquetas didácticas, adaptaram-se modelos de falhas e uma mesa simuladora de sismos e construiu-se um sismómetro didáctico.

Por fim, foi preparada uma planificação das actividades lectivas, no contexto dos programas oficiais, a qual deve ser suportada por acções de formação complementares para os docentes a envolver naquelas actividades.