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em Vulcanologia e Avaliação de Riscos
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Teses ► Mestrado

 

Referência Bibliográfica


SILVEIRA, D. (2002) - Caracterização da sismicidade histórica da ilha de S. Miguel com base na reinterpretação de dados de macrossísmica: contribuição para a avaliação do risco sísmico. Dissertação​ de Mestrado em Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos, Universidade dos Açores, 149p.

Resumo


Em virtude do seu enquadramento geotectónico, o arquipélago dos Açores é palco de uma actividade sísmica e vulcânica frequente. No decurso dos últimos cinco séculos e meio de história, quase todas as ilhas foram fortemente atingidas por eventos de natureza tectónica ou períodos de actividade sísmica associada a actividade vulcânica. A ilha de S. Miguel foi afectada por vários terramotos e crises sísmicas com significativo impacte em termos de vítimas, estragos materiais e prejuízos sócio-económicos.

 

Na base do presente trabalho esteve a recolha de documentação diversa como crónicas, jornais e artigos científicos, os quais foram armazenados em formato digital a fim de constituírem a Base de Dados da Sismicidade Histórica dos Açores, parte integrante da Base de Dados de Catástrofes Naturais dos Açores. Com base na informação fornecida pela documentação histórica e utilizando-se a Escala Macrossísmica Europeia-1998, efectuou-se o estudo macrossísmico de um conjunto de casos seleccionados.

 

De entre os principais eventos de natureza tectónica que atingiram a ilha de S. Miguel, foram eleitos como casos de estudo os sismos de 22 de Outubro de 1522, 26 de Julho de 1591, 16 de Abril de 1852, 5 de Agosto de 1932, 27 de Abril de 1935 e de 26 de Junho de 1952, para os quais se elaboraram as cartas de isossistas. Estas permitiram a localização epicentral dos sismos e constatar que determinadas áreas da ilha de S. Miguel são caracterizadas por valores de intensidade sísmica anómalos, sejam negativos ou positivos. Relativamente às anomalias negativas admite-se que poderão dever-se à presença de câmaras magmáticas sob aparelhos vulcânicos, como é o caso das Sete Cidades e Furnas, ou a fenómenos de atenuação e efeitos de sítio, como na Ribeira Grande e Povoação. Observou-se também que, regra geral, a zona correspondente ao Sistema Vulcânico da Região dos Picos, apresenta intensidades mais baixas, o que se atribui à sua constituição litológica. No que concerne às anomalias positivas, considera-se que as verificadas nas localidades de Santo António, Lomba do Cavaleiro e Salga poder-se-ão dever a efeitos de sítio de origem topográfica, enquanto que, no caso da Lomba de Santa Bárbara e Lomba da Fazenda, as anomalias estarão relacionadas com condicionamentos geológicos locais. Pela integração das diversas cartas de isossistas obteve-se a carta de isossistas máximas, que é fortemente condicionada pelo evento 1522.

 

Relativamente à actividade sísmica associada a fenómenos vulcânicos seleccionaram-se como casos de estudo as crises sísmicas associadas às erupções do Vulcão do Fogo e do Pico Queimado em 1563, do Vulcão das Furnas em 1630, do Pico do Paio em 1652, as erupções submarinas de 1811 e ainda a crise sísmica de 1713. Foram elaboradas cartas de intensidades locais referentes aos efeitos cumulativos da actividade sísmica ocorrida num determinado intervalo de tempo. Estas permitiram verificar que a distribuição dos prejuízos não foi homogénea numa área definida por um determinado raio considerado a partir dos focos eruptivos, que a distância a que se fizeram sentir os efeitos da actividade sísmica dependeu do estilo eruptivo em causa e que locais onde se identificaram anomalias negativas de intensidades sísmicas para os sismos de origem tectónica sofreram prejuízos elevadíssimos no decurso da actividade sísmica associada a erupções vulcânicas.

 

A integração de todos os dados referentes à actividade sísmica quer de origem tectónica, quer associada a fenómenos vulcânicos, deu origem à carta de intensidades máximas históricas, a qual constitui um contributo para a avaliação do risco sísmico da ilha de S. Miguel, podendo ser utilizada como um documento orientador, não só no planeamento de acções de prevenção e mitigação, mas também na gestão da ocupação do solo.

 

As zonas agora identificadas como potencialmente anómalas, deverão ser áreas de eleição para futuros trabalhos de campo, no sentido de se interpretar o seu significado. Pretende-se que o presente trabalho seja alargado à ilha de Santa Maria e às diferentes ilhas do Grupo Central, complementado com o desenvolvimento de outros tipos de estudos, designadamente nos campos da sismologia, da tectónica e da paleossismologia, entre outros.

Observações


Anexos