A ilha de S. Miguel apresenta três vulcões poligenéticos activos (Vulcão das Sete Cidades, Vulcão do Fogo e Vulcão das Furnas) e inúmeros cones de escórias e escoadas lávicas associadas, em especial na área localizada entre o Vulcão do Fogo e o Vulcão das Sete Cidades. Essa zona, onde predomina o vulcanismo basáltico, foi denominada por Zbyszewski (1961) como a Região dos Picos. Todavia, nos flancos dos vulcões poligenéticos também é possível identificar edifícios vulcânicos de natureza basáltica, em especial na vertente SE do Vulcão das Sete Cidades e no flanco W do Vulcão do Fogo. Desde o povoamento de S. Miguel, no séc. XV, ocorreram 5 erupções na ilha, duas das quais na Região dos Picos (1563 e 1652) e ambas com carácter efusivo a moderadamente explosivo, com formação de escoadas lávicas. O facto dos dois maiores concelhos da ilha de S. Miguel (Ponta Delgada e Ribeira Grande) possuírem freguesias na Região dos Picos, e da maior cidade dos Açores (Ponta Delgada), com cerca de 20.200 habitantes, se localizar na parte S da referida região, justifica a necessidade de se avaliar o risco de escoadas lávicas nessa área.
No presente projecto serão levados a cabo levantamentos vulcanoestratigráficos e análises radiométricas no sentido de se procurarem estabelecer relações espaciais e temporais dos depósitos identificados, utilizando-se sempre que possível níveis de referência estratigráficos baseados na distribuição dos produtos das erupções explosivas centradas nos vulcões vizinhos do Fogo e Sete Cidades. Deste modo, procurar-se-ão obter respostas para questões como: Qual será a localização mais provável para a próxima erupção? Como será a erupção? Quando terá lugar? Quais as zonas que serão afectadas? Onde terá de ser o centro eruptivo para que determinadas áreas sejam afectadas? Adicionalmente serão avaliadas as vulnerabilidades existentes no sentido de se estudar o risco e definirem medidas mitigadoras adequadas.