A investigação da avaliação da perigosidade geomorfológica tem sido o principal objeto de estudo da comunidade científica da especialidade (Corominas
et al., 2005) de forma a compreender os mecanismos envolvidos na geração da instabilidade de vertentes de modo a contribuir para um melhor planeamento e ordenamento do território, assim como para prevenir e/ou mitigar o impacte de futuras ocorrências.
A monitorização de vertentes instáveis envolvendo o uso de diversas técnicas revela-se de extrema importância na avaliação quantitativa dos processos físicos, avaliando-se as pressões neutras positivas, as velocidades, os tipos de mecanismos e o tipo de estragos que se podem originar, essenciais na minimização do risco geomorfológico.
No arquipélago dos Açores, o estudo direcionado a movimentos de vertente restringe-se à avaliação da suscetibilidade (Marques, 2013) e para a utilização de técnicas topográficas de monitorização aplicadas a movimentos de vertente (Amaral, 2010), sendo uma lacuna a inexistência de estudos específicos para os processos hidrológicos que ocorrem em profundidade e que são responsáveis pela ativação/reativação de movimentos de vertente profundos. Neste sentido, o conhecimento dos processos hidrológicos torna-se imprescindível para o entendimento dos mecanismos que promovem a instabilidade geomorfológica (e.g., Crosta, 1998).
A capacidade de predizer acelerações e o comportamento a longo e médio prazos de deslizamentos, com planos de rotura profundos é um requisito fundamental no processo de gestão do risco e, em particular, na criação de sistemas de alerta em tempo útil, durante períodos de crises geomorfológicas. Este aspeto é relevante quando as medidas de estabilização não são economicamente viáveis e/ou o realojamento de pessoas coloca graves problemas sociais. Neste sentido, os sistemas de alerta e alarme são uma alternativa de baixo custo para a redução do risco, com impacto ambiental e económico reduzido.
O presente projeto de investigação tem como principais objetivos: (1) Caracterização física, hidrológica e mecânica de depósitos vulcânicos com uma importante componente argilosa; (2) Monitorização cinemática e hidrológica de um deslizamento translacional/rotacional, com planos de rotura profundos; Implementação de uma rede de monitorização constituída por inclinómetros, piezómetros e uma estação meteorológica; (3) Avaliação da suscetibilidade de movimentos de vertente à escala da bacia. Para este objetivo serão cartografados os processos de instabilidade nas suas mais variadas tipologias, aplicando-se técnicas probabilísticas (e.g., valor informativo) de modo a avaliar o grau de propensão do território à instabilidade geomorfológica. (4) Modelação da estabilidade com o recurso a modelos determinísticos hidrológicos acoplados a modelos geotécnicos, que assentam na aplicação de modelação hidromecânica e análises do fluxo de água para simular o comportamento geomecânico e hidrológico. (6) Definição de limiares críticos de pressão de água no solo capazes de gerar e/ou reativar a instabilidade de vertentes; e (7) Implementação de um sistema de apoio à decisão para alerta e alarme ao movimento de vertente que ocorre a montante do núcleo urbano do Lajedo, com base nos dados provenientes da monitorização e no resultado alcançado pelos modelos dinâmicos de estabilidade, considerando a variação temporal do sistema hidrológico e as propriedades mecânicas do solo. Para este desidrato, os dados produzidos serão disponibilizados em página internet de acesso livre.